terça-feira, 4 de dezembro de 2012

ÉVORA
Eu fui o livre cavaleiro andante,
que muitas planícies percorreu
e às tuas muralhas chegou confiante
entrando sem elmo, pela porta,
a que não bateu.

Jovem aventureiro, faminto de emoções,
que em corcel alado se armou espadachim
e bebeu dos poetas tantas ilusões
nas noites douradas, dos dias sem fim.

Armado com espada, armado sem escudo,
incitei a montada, meu potro faminto
venci o guerreiro, qual Pavor tão mudo,
aqueceu-me o sangue no corpo que sinto.

E as musas vieram ceifar os trigais
em potros tão brancos, dum branco sem fim.
Trazendo papoilas, cantavam jograis,
nasciam paixões lá no teu jardim.

E as árvores gemiam, da brisa, do vento,
quando os rouxinóis piavam doridos,
choravam Florbela, num triste lamento,
recitavam seus versos, sicômoros floridos.

Pergunta ó Cidade às tuas arcadas,
ao nobre Resende, ao poeta Chiado,
pl'os amores que eu tive com algumas fadas,
pl'os sonhos tão ternos, no meu longo fado.

Diz-me Cavador, dessa nobre enxada,
que é do meu amor, que aqui morava?
Senhor eu não sei, se era a vossa amada,
que Diana prendia, quando ontem caçava.

C'os seus sete cães, os montes galgava,
quando ontem passou, a ninfa arrastava,
que tanto sofria atrás da montada
e depois de morta foi crucificada.

Ó Deusa maldita, que amores me destróis,
por mais que os arranje, belos como sóis!
Destruirei teu templo, serás esquecida,
por mais que tu caces, na tua longa vida!

Eu darei ouro e pedrarias, a Évora
e um filho varão, mesmo que não queiras.
correrei contigo, vou mandar-te embora,
quando, no S. João, se saltarem fogueiras.

M. Manços
ÉVORA
Eu fui o livre cavaleiro andante,
que muitas planícies percorreu
e às tuas muralhas chegou confiante
entrando sem elmo, pela porta,
a que não bateu.

Jovem aventureiro, faminto de emoções,
que em corcel alado se armou espadachim
e bebeu dos poetas tantas ilusões
nas noites douradas, dos dias sem fim.

Armado com espada, armado sem escudo,
incitei a montada, meu potro faminto
venci o guerreiro, qual Pavor tão mudo,
aqueceu-me o sangue no corpo que sinto.

E as musas vieram ceifar os trigais
em potros tão brancos, dum branco sem fim.
Trazendo papoilas, cantavam jograis,
nasciam paixões lá no teu jardim.

E as árvores gemiam, da brisa, do vento,
quando os rouxinóis piavam doridos,
choravam Florbela, num triste lamento,
recitavam seus versos, sicômoros floridos.

Pergunta ó Cidade às tuas arcadas,
ao nobre Resende, ao poeta Chiado,
pl'os amores que eu tive com algumas fadas,
pl'os sonhos tão ternos, no meu longo fado.

Diz-me Cavador, dessa nobre enxada,
que é do meu amor, que aqui morava?
Senhor eu não sei, se era a vossa amada,
que Diana prendia, quando ontem caçava.

C'os seus sete cães, os montes galgava,
quando ontem passou, a ninfa arrastava,
que tanto sofria atrás da montada
e depois de morta foi crucificada.

Ó Deusa maldita, que amores me destróis,
por mais que os arranje, belos como sóis!
Destruirei teu templo, serás esquecida,
por mais que tu caces, na tua longa vida!

Eu darei ouro e pedrarias, a Évora
e um filho varão, mesmo que não queiras.
correrei contigo, vou mandar-te embora,
quando, no S. João, se saltarem fogueiras.

M. Manços

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