Onde vais com este teu voo triste e amargurado?
Onde vais? Oh corrupião desvairada de olhos desvanecidos!
Onde vais? Me diz!
De onde vens deambulando com essas asas bailadas de paixão?
Oh pássaro negro espelho de solidão nocturna!
Entorno os meus olhos pelos teus caminhos rasgados
Dedilho o teu destino longínquo na voragem do vento
Na sensação incessante dos teus voos sobre o oceano

Entorno os meus olhos pelos teus caminhos traçados
Tanjo os meus sentidos pelo teu destino forjado
Os meus passos cravam as desventuras das tuas súplicas
Os meus olhos soletram cada sorriso triste que os teus lábios brotam
E saias a voar toda desvairada assim como um pássaro negro
Rasgando destinos com as suas asas bailadas de paixão
E eu, que tao longe e disperso, te vejo partindo toda desvanecida

Hélio Cruz