Não encontro …
Adorava fazer-te um poema, amor, mas não sou capaz.
Há paz dentro de mim, mas mesmo assim, procuro as palavras e não as
encontro. Não sei onde se esconderam. Talvez, num dos armários das
recordações. Já lá fui, mas as prateleiras estão vazias … mania delas,
de se arrumarem tão arrumadinhas … até que nelas não fica nem uma única
migalha do nada. Já procurei em muitos sítios, mas só encontrei uma
letra; e uma letra, não é uma palavra, como é óbvio! Letra triste,
amarrotada, dentro do bolso dum casaco, pelo qual eu já não dava nada;
estava até já dobrado, num vão da escada, para ser dado a uma pessoa
desamparada. Se não andasse à procura ao menos de uma letra, nem o via
e, também, não a encontraria. Ainda bem que o encontrei. Endireitei um
papelinho (tinha as pontas reviradas).
Vi que tem a forma de um “A” . Fiquei espantada, por ser logo a primeira
letra do abecedário. Olhei para ela e endireitei-a. Disse-lhe que só
com uma letra não escrevo nada e, muito menos, estando tão, tão
amarrotada. Reagiu, endireitou-se, sorriu, e disse-me que me ajudava .
Ok disse, eu; vamos a isso !
Abrimos gavetas, caixas, armários, e
lá vamos de vez em quando, descobrindo uma letrinha, pequenininha,
escondidinha. Agora, debaixo do papel de forrar uma das prateleiras da
estante junto da lareira, Encontrámos triste, sozinho mas quentinho, o
“M” . Ah !, mas que dor sentimos ao pegar-lhe, mesmo com todo o
jeitinho. Deve-se ter dorido, porque soltou um gemido. Com carinho,
juntá-mo-lo ao “A”, e já temos o começo dum poema. Não desistimos,
porque vimos que a procura resulta. Para melhor ajuda, o “A “
encavalitou-se no “M” (que é mais largo, possante), e procurou também no
topo da estante. Assustou-se … deu um grito … porque saiu de lá, numa
correria desenfreada, uma rodinha pequenina a girar, a girar .... sem
parar. A custo, apanhei-a.
Dei-lhe uma palmada, por ser tão desassossegada, e vi com espanto que era o “ O “ .
Ah!, és o “O” meu maroto ?! Onde ias tu agora esconderes-te ?! Ias a correr lá p’ra fora, p’ra te sentires livre, era ?!
Não, não vais (!), ficas aqui quieto e sem dizeres um … ai …
Então, o “A”, o “M”, e eu, saltámos de alegria porque já temos um verso p’ra poesia.
Já não falta tudo, disseram-me o “A” , o “M” e o “ O” .
- Pois, não, meus Amigos já tenho … AMO … da palavras AMOR … logo-logo, faço o poema !
As três letras mais o … AMO, foram arejar …
e eu tenho agora sozinha, que procurar o “ R ” .
Já rebusquei todos os lados, cantos, cantinhos e cantões, e não o encontro.
Se alguém o achar, dão-se alvíssaras!
Magá Figueiredo
Não encontro …
Adorava fazer-te um poema, amor, mas não sou capaz.
Há paz dentro de mim, mas mesmo assim, procuro as palavras e não as encontro. Não sei onde se esconderam. Talvez, num dos armários das recordações. Já lá fui, mas as prateleiras estão vazias … mania delas, de se arrumarem tão arrumadinhas … até que nelas não fica nem uma única migalha do nada. Já procurei em muitos sítios, mas só encontrei uma letra; e uma letra, não é uma palavra, como é óbvio! Letra triste, amarrotada, dentro do bolso dum casaco, pelo qual eu já não dava nada; estava até já dobrado, num vão da escada, para ser dado a uma pessoa desamparada. Se não andasse à procura ao menos de uma letra, nem o via e, também, não a encontraria. Ainda bem que o encontrei. Endireitei um papelinho (tinha as pontas reviradas). Vi que tem a forma de um “A” . Fiquei espantada, por ser logo a primeira letra do abecedário. Olhei para ela e endireitei-a. Disse-lhe que só com uma letra não escrevo nada e, muito menos, estando tão, tão amarrotada. Reagiu, endireitou-se, sorriu, e disse-me que me ajudava . Ok disse, eu; vamos a isso !
Abrimos gavetas, caixas, armários, e lá vamos de vez em quando, descobrindo uma letrinha, pequenininha, escondidinha. Agora, debaixo do papel de forrar uma das prateleiras da estante junto da lareira, Encontrámos triste, sozinho mas quentinho, o “M” . Ah !, mas que dor sentimos ao pegar-lhe, mesmo com todo o jeitinho. Deve-se ter dorido, porque soltou um gemido. Com carinho, juntá-mo-lo ao “A”, e já temos o começo dum poema. Não desistimos, porque vimos que a procura resulta. Para melhor ajuda, o “A “ encavalitou-se no “M” (que é mais largo, possante), e procurou também no topo da estante. Assustou-se … deu um grito … porque saiu de lá, numa correria desenfreada, uma rodinha pequenina a girar, a girar .... sem parar. A custo, apanhei-a.
Dei-lhe uma palmada, por ser tão desassossegada, e vi com espanto que era o “ O “ .
Ah!, és o “O” meu maroto ?! Onde ias tu agora esconderes-te ?! Ias a correr lá p’ra fora, p’ra te sentires livre, era ?!
Não, não vais (!), ficas aqui quieto e sem dizeres um … ai …
Então, o “A”, o “M”, e eu, saltámos de alegria porque já temos um verso p’ra poesia.
Já não falta tudo, disseram-me o “A” , o “M” e o “ O” .
- Pois, não, meus Amigos já tenho … AMO … da palavras AMOR … logo-logo, faço o poema !
As três letras mais o … AMO, foram arejar …
e eu tenho agora sozinha, que procurar o “ R ” .
Já rebusquei todos os lados, cantos, cantinhos e cantões, e não o encontro.
Se alguém o achar, dão-se alvíssaras!
Magá Figueiredo
Adorava fazer-te um poema, amor, mas não sou capaz.
Há paz dentro de mim, mas mesmo assim, procuro as palavras e não as encontro. Não sei onde se esconderam. Talvez, num dos armários das recordações. Já lá fui, mas as prateleiras estão vazias … mania delas, de se arrumarem tão arrumadinhas … até que nelas não fica nem uma única migalha do nada. Já procurei em muitos sítios, mas só encontrei uma letra; e uma letra, não é uma palavra, como é óbvio! Letra triste, amarrotada, dentro do bolso dum casaco, pelo qual eu já não dava nada; estava até já dobrado, num vão da escada, para ser dado a uma pessoa desamparada. Se não andasse à procura ao menos de uma letra, nem o via e, também, não a encontraria. Ainda bem que o encontrei. Endireitei um papelinho (tinha as pontas reviradas). Vi que tem a forma de um “A” . Fiquei espantada, por ser logo a primeira letra do abecedário. Olhei para ela e endireitei-a. Disse-lhe que só com uma letra não escrevo nada e, muito menos, estando tão, tão amarrotada. Reagiu, endireitou-se, sorriu, e disse-me que me ajudava . Ok disse, eu; vamos a isso !
Abrimos gavetas, caixas, armários, e lá vamos de vez em quando, descobrindo uma letrinha, pequenininha, escondidinha. Agora, debaixo do papel de forrar uma das prateleiras da estante junto da lareira, Encontrámos triste, sozinho mas quentinho, o “M” . Ah !, mas que dor sentimos ao pegar-lhe, mesmo com todo o jeitinho. Deve-se ter dorido, porque soltou um gemido. Com carinho, juntá-mo-lo ao “A”, e já temos o começo dum poema. Não desistimos, porque vimos que a procura resulta. Para melhor ajuda, o “A “ encavalitou-se no “M” (que é mais largo, possante), e procurou também no topo da estante. Assustou-se … deu um grito … porque saiu de lá, numa correria desenfreada, uma rodinha pequenina a girar, a girar .... sem parar. A custo, apanhei-a.
Dei-lhe uma palmada, por ser tão desassossegada, e vi com espanto que era o “ O “ .
Ah!, és o “O” meu maroto ?! Onde ias tu agora esconderes-te ?! Ias a correr lá p’ra fora, p’ra te sentires livre, era ?!
Não, não vais (!), ficas aqui quieto e sem dizeres um … ai …
Então, o “A”, o “M”, e eu, saltámos de alegria porque já temos um verso p’ra poesia.
Já não falta tudo, disseram-me o “A” , o “M” e o “ O” .
- Pois, não, meus Amigos já tenho … AMO … da palavras AMOR … logo-logo, faço o poema !
As três letras mais o … AMO, foram arejar …
e eu tenho agora sozinha, que procurar o “ R ” .
Já rebusquei todos os lados, cantos, cantinhos e cantões, e não o encontro.
Se alguém o achar, dão-se alvíssaras!
Magá Figueiredo
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