quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O aspecto físico e moral de Luís de Camões.

Coimbra, ano de 1542
Estudante, alto, bonito e elegante.
Tocaram, seis badaladas, no sino da torre.
Levantou-se.
Foi à janela.
Não a viu.
Boémio, mulherengo e namoradeiro.
Voltou à mesa, do seu quarto em Coimbra.
A pena, voltou aos dedos finos, terminados em unhas limpas e cortadas.
Continuou o seu poema.
Parou de escrever.
Passou, a mão pela espessa cabeleira.
De novo se levantou.
De novo foi à janela.
Viu-a, vinha “ formosa e não segura”.
Chamou-a:
- Leonor.
- Já vou, ter contigo, à fonte, meu amor.
Leonor, acenou afirmativamente, com a cabeça e apressou os passos.
Voltou à mesa, bebeu o resto do vinho e apressadamente saiu, ouvindo ainda Manuel de Portugal, dizer aos outros amigos de quarto:
- Lá vai, embriaga-la, com a sua poesia no amor e paixão, como a todas faz, quer sejam fidalgas, quer sejam plebeias.
Luís, era exímio, no cantar dos seus poemas e no declamar dos mesmos.
Leonor, ouvia-o com uma pulsação forte, aquele atrevido estudante e não conseguia resistir, às palavras que Luís, habilíssimo lhe dizia, entregando-se a ele e não acreditando que era a exclusiva e sua verdadeira amada.
Lisboa, ano de 1545.
Chegou, com o bacharel em artes, já com a fama de mulherengo e promissor dos melhores poetas que a Corte, iria ouvir.
D. Pedro Andrade de Caminha, invejava-o na sua comunicação e nos seus amores, sentindo que Luís de Camões, era o seu grande rival na ascensão junto do rei.
Rebelde, aventureiro, desobediente e sonhador, não se acautelou, com as intrigas que Pedro Caminha, levava aos ouvidos do rei e do regedor das justiças, João da Silva e ainda ousa com o seu “Auto” motejar quer do rei, quer do pai do rei, D.Manuel, pois concentrava toda a sua criação poética em ir oferecer, aquela que talvez tenha sido a que mais amou, Catarina de Ataíde.
Nem a simpatia, que a Infanta D.Maria, nutria por ele, que a levava a considerar que “depois dos versos dele, não havia mais poemas”, chegou para cessar as lágrimas de Catarina, que viu o seu amado ser desterrado, para o Ribatejo, afim de o silenciarem pela não aceitação da censura, no que já há muito tempo incomodava o rei e os seus conselheiros.
Várias, foram as tentativas para que o rei, o perdoa-se, mas foi a coligação da Infante e do seu grande amigo, Manuel de Portugal, saudosos dos seus poemas, que conseguem o seu regresso.
Os dois anos passados, reforçaram a sua beleza física e a voz declamava ainda mais e melhor, levando Pedro Caminha a ciúmes literários da Infanta, que despertara a paixão descontrolada de Jorge, irmão de Beatriz, ambos filhos de João da Silva, o qual como exemplo, prendera o próprio filho pela ousadia de com os seus dezoito anos, não resistir a ter tentado cortejar a Infanta, mostrando a lealdade e punho firme nas questões de Estado, o que muito agradara ao rei mas, fizera Beatriz arquitectar vingança contra Luís de Camões, ao ouvi-lo como zombava da tragédia de seu irmão e era gozo para toda a Corte.
Mais uma vez, a imprudência “e a má fortuna”, no amor que viera desta vez ,da parte da Infanta mas, que Luís de Camões não soubera descortinar que se tratava de uma cilada liderada por Beatriz e Pedro Caminha, que o atraem ao quarto da Infanta, que surpresa origina a vinda da sua guarda pessoal com qual Luís trava uma luta com a sua espada, a qual só o leva à vencida na fuga para Ceuta, evitando a prisão.
Os ataques dos Mouros, nunca o levaram a desistir, da sua força de vontade em defender e combater pelo amor por Portugal, que a sua pena ainda escrevia com pouco veemência, mas levaram-no numa dessas lutas, a perder o olho direito, que o fez usar uma pala, que não deixava de o fazer sentir, que perdera parte do seu encanto com o sexo oposto.
Lisboa, ano 1550.
Regressa, anda triste e sente chacota de alguns, “ não há mal que não lhe venha” o que nem os seus bons amigos conseguem evitar, que uma nova desordem, o leve à prisão.
Catarina, continua mais apaixonada do que nunca pelo seu poeta, humildemente pede ajuda a Beatriz, nunca tendo reparado, o grande amor escondido desta pelo poeta, para que a ajuda-se na liberdade de Luís de Camões.
Beatriz, com o seu poder assim o fez, embora soube-se que não podia cobrar o amor do nosso poeta, pois se ele amava alguém, seria a Catarina.
Lisboa, ano 1553.
Luís, ao não ser recebido pelo rei ao qual queria a agradecer a sua libertação e escutando Pedro Caminha que lhe faz sentir que mais nenhuma benesse ou posição social na corte, poderia esperar, acorda para a profunda necessidade de enaltecer os portugueses “cantando e espalhando por toda a parte” nos seus feitos.
Durante 15 anos viaja, fazendo a rota que Vasco da Gama fizera para a Índia, escrevendo um sem número de versos, nunca tendo sentido falta de feitos bravos e heróicos dos portugueses “para contento do seu pensamento”.
Acompanhado da escrava Dinamene, que se torna sua companheira e amante, vai para Macau.
O mesmo mar, que tantas vezes descreveu nos seus poemas, assassinava-lhe Dinamene durante um naufrágio, consegindo salvar-se, nadando com um braço e com o outro que transforma numa plataforma de aço, que transporta o seu último poema: Os Lusíadas.
Lisboa, ano de 1572.
Anda eufórico com a impressão do livro “Os Lusíadas”, após a censura presidida pelo sábio Frei Bartolomeu, que vê a grandeza actual e futura nos seus versos e o informa-o que o rei D.Sebastião, aguarda impacientemente o livro, na Corte onde deseja que seja lido pelo próprio autor.
Os poemas, alimentaram ainda mais a bravura do rei na sua partida para Marrocos onde vem a falecer na batalha de Alcácer Quibir.
O eterno rival, Pedro Caminha, rende-se à mestria e à grandiosidade das palavras do poeta.
Luís de Camões, está velho, novamente triste e cansado mas, o restante do seu encanto físico e moral, fazem com que mais uma presa, não resista a falar-lhe do seu amor por ele.
Até à morte de Luís, Beatriz foi a privilegiada de ouvir sempre em primeira audição os versos deste poeta que é considerado o maior poeta português de todos os tempos e que leva a que toda a sua obra seja estudada em várias partes do Mundo.
Autor: Vitociclo

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