domingo, 21 de outubro de 2012

Voz invisível


Consinto pedaços da tua voz
A esculpir versos, na minha cabeça.
Quentes, arrastam-me para os tons do verão.
Sinto as gotas de inverno
A dissolverem-se, no corpo e no rosto.
Recordo os movimentos da primavera
E redescubro o prazer compulsivo da paixão
A correr-me nas veias.
As recordações deslizam, sem pára-quedas.
Sorvo os teus silêncios
Inspiro o abstracto, que por vezes me tacteia…
Existes em mim como um feitiço imaginário
Como um resto de som e luz
Como uma aragem
Que cheira a flores, acabadas de colher.
Sustento a respiração e faço figas…
Mas olho em redor e vejo …apenas nada.
O frio cresce dentro das paredes…
Adormeço em lençóis frios.
As dores fininhas crescem dentro do corpo
Porque a escuridão instala-se
E o lume está ofuscado.


Telma Estêvão

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